Sem despudor, enfim.
"O futuro plano de revitalização para a Serra da Estrela irá “deixar este parque natural melhor do que estava”, disse a Ministra da Presidência.", lê-se hoje num jornal "online". São palavras de senhora ministra do actual (des)governo, frequentemente tida como o verdadeiro número dois do mesmo.
O que lá se passou foi a imensa tragédia que, uma maçada, se não conseguiu esconder. E não será a única este Verão. A Natureza tem esse peculiar hábito de ter a última palavra, de modo que sim, de uma maneira ou de outra recuperará. Recuperará, diga a sra. ministra o que disser, a pretexto de um plano que se desconhece. Mas recuperará num lento processo de décadas e décadas, ainda que a acção humana por uma vez fosse a correcta; a Natureza não se rege por agendas a máximos de quatro anos e ambições eleitorais.
Mais do que grandiloquentes declarações, feitas na doce paz da (ir)responsabilidade política, convinha que os políticos fizessem o seu trabalho: apoiar e reconstruir, apoiar e reconstruir de facto, com humildade e sem bazófia. Fazendo o seu trabalho bem, naturalmente bem, como é suposto ser feito, político ou não. E - coisa rara quando o interesse público está bem causa - que de facto pensassem de forma proactiva. Sem pretender dividendos da desgraça alheia. Sem triunfalismos ocos. O que implica desde logo moderação nas palavras, bom-senso.
Agissem sem despudor, enfim.