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Sobrevive-se

Sobrevive-se

25
Abr23

Entregues a doid@s

Costa

Finda a liturgia do dia, uma ainda líder partidária achou por bem destacar, a voz quase embargada, das palavras do presidente da república o que ela tomou como a admissão (e, afirmou ela, apenas pecando por tardia) pela mais alta figura do estado, das nossas tremendas culpas, no tempo presente e jamais expiadas, pois que eternas e infinitas, pelo passado colonial português. 

O sr. presidente, haverá que convir, deu o flanco a esse estremecido, emocionado, êxtase masoquista assim revelado, ao vivo e em directo, a toda uma pátria sedenta de tanto saber. Ba decerto terá uma paternalista palavra de apreço para com a sua serva. Eu reforcei a certeza de que estamos, tudo visto há já mais tempo do que durou o terrível Estado Novo, entregues a doidos.

Ou a doid@s. 

19
Abr23

Por favor

Costa

"De momento, todos os nossos agentes encontram-se ocupados. Por favor aguarde. O tempo de espera pode ser superior a trinta minutos".

"Por favor", escuta-se na gravação, enquanto em fundo uma música - chame-se-lhe bondosamente assim -, medonha, arruína os nervos do mais estóico.

Vá lá, "por favor"; ao menos isso.

Ao menos isso, porque os prazos correm, imperturbavelmente, e o não atendimento tempestivo do cidadão, por parte da inimputável administração pública, não confere ao cidadão qualquer garantia.

Mas ou a administração pública funciona mal, muito mal, impunemente muito mal; ou a burocracia instalada - decerto em boa parte para justificar essa administração pública - é kafkianamente absurda, levando à saturação dos canais de contacto entre essa administração pública e o cidadão (perdão: o "contribuinte", "utente" ou "sujeito passivo", "cidadão" é que não se vê como), mesmo para tratar de questão menor; ou tudo isso é verdade.

Será isso: tudo isso é verdade. E o Soberano gosta que seja assim. 

 

03
Abr23

Da barbárie.

Costa

O culto da língua, escrita ou falada, é quase ausente, tido como anacronismo, inútil ociosidade de reaccionários: tudo se aceita, desde que se perceba o que se quer dizer (e mesmo esse critério vai falhando estrondosamente). O AO90, essa ignomínia, bem poderia ser o corolário do desastre, não fosse o facto da mais elementar prudência mandar não esquecer que quando se pensa ter batido no fundo, e com toda a probabilidade, se atravessa apenas, afinal, mais uma camada de lodo. Pior é sempre possível. 

É expectável ("expetável", na ortografia politicamente correcta), por estes dias, o que sempre foi de esperar; há que gerenciar, actualmente, o que de uso se geria; urge experenciar, nestes tempos, o que noutros se experimentaria. E outros modismos haverá. Que vantagem trazem? Quem - sejamos então inclusivos, como manda a regra vigente - empoderam. Uma legião de imbecis, decerto.

Os bárbaros às portas da Cidade.

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