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Sobrevive-se

Sobrevive-se

27
Mai23

Demência dolosa

Costa

Demência dolosa no discurso de certa líder cessante de certa agremiação, esta manhã. Fundada largamente em factos que, de tão penosos e perenes, só outros dementes dolosos (os outros dementes dolosos de - longo - turno no poder) não reconhecerão ou desvalorizam. Assente na crença cega, fanatizada, maniqueísta, no dogma, da superioridade moral sobre todo e qualquer aspecto da vida; sobre todos os outros, os que ousam pensar diferente, infinita e fatalmente maus. 

Populismo, sim, isto, no pior sentido da palavra. 

O resto é o carinhoso tratamento que a coisa sempre mereceu da comunicação dita social. 

15
Mai23

Provas de aferição.

Costa

Chamam-lhes provas de aferição e vão pôr criaturas de sete ou oito anos de idade, se bem percebo, a fazê-las em computadores. Está muito bem. Um pedaço de papel, nem que sejam os restos de uma página de jornal rasgada, e qualquer coisa que nela deixe um rasto - da luxuosa caneta ao mais humilde lápis; ao pedaço de carvão; ao rasto de sangue, como se sabe - pode muito facilmente tornar-se num perigosíssimo meio de rebelião. Saber escrever, saber manuscrever, saber fazê-lo de forma proficiente, legível, clara, e sem mais do que esses recursos, é portanto coisa muito perigosa.

Coisa de insuportável potencial subversivo, passível de se concretizar sem energia eléctrica, sem software e com hardware perigosamente básico, sem rede, sem palavras-passe, sem moderadores de costumes e opinião. Coisa por isso intolerável. As criancinhas que saibam martelar teclas e revelar o que lhes vai no pensamento, tendo-o, desde que sob forma que permita aos sacerdotes do que pode ser saber o que vai nesse pensamento. Não se lhes dê mais autonomia do que aquela que seja útil: a das obedientes competências e saberes, como se lhe chama por estes dias.

Saber escrever, encorajar esse poder de deixar uma ideia escorreita numa simples folha de papel, "à mão", mais do que ocioso nesta era encharcada de tecnologia e vigilantes de costumes, é perigoso.

É inaceitável.

04
Mai23

É assim que deve ser.

Costa

A data - o que nela se assinala - jamais suscitaria, evidentemente, o menor estremecimento no povo. Não neste povo. Não com estes "governantes" e o seu desígnio de patriótico embrutecimento das massas (que adoram ser embrutecidas). Não com o que por cá haja de sucedâneo de uma elite cultural, ora cobarde, ora dependente, ora pura, canina e simplesmente vendida. E menos ainda, por óbvias razões, neste particular cinco de Maio de impune, incontinente, despudorada e desbragada farsa.

No Público de hoje, Nuno Pacheco lembra ser este o Dia Mundial da Língua Portuguesa. E evoca a língua portuguesa tal como por cá deveria ser falada e grafada (isto se por cá, entre povo e seus pastores, e com a excepção estupificante da bola, restasse um átomo de amor-próprio; pelo que de facto merece). Algo, essa correcta fala, pelo menos - e quanto ao resto conhece-se também o que pensa -, que o primeiro-ministro desta república, ainda muito recentemente, e como o texto recorda, parece solenemente lamentar:

https://www.publico.pt/2023/05/04/culturaipsilon/opiniao/lingua-ortografia-voluntarismos-bajulacoes-2048244

A coisa passará assim largamente, quase absolutamente, ignorada. Porque é assim que deve ser.

 





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