As prioridades
No dia em que a classe média soube que continuaria a ser impiedosa e metodicamente sangrada, o que verdadeiramente nada tem de novo ou surpreendente, em resultado de uma coligação informal que vai desbravando novas e mais alargadas fronteiras de perversidade sempre rumo a uma mediocridade que se anseia bem consolidada e nem áurea é, o sr. primeiro-ministro, na cidade do futebol (em Portugal, onde tanta coisa falta ou só existe formalmente, há uma cidade do futebol; supõe-se que com "C" e "F" e com vivo aplauso do Soberano) dedicou uma sábia prelecção, seguramente crucial para os pátrios desígnios, à selecção nacional de nem é necessário dizer o quê, a pretexto de um qualquer campeonato internacional do pontapé na bola, essa inesgotável fonte de exemplos de decência e virtude.
Felizmente, entre nós, as prioridades, haja o que houver, permanecem claras.
