Das virtudes patrióticas da doença ou do vício, já descarado, da esmola.
Final de tarde. Numa estação de rádio, um sr. secretário de estado (ligado ao ensino, suponho; não acompanhei a coisa desde o início e por uma questão de higiene não a segui até ao fim; valha, ainda que ela também "politicamente corrigida", a Antena 2) perora sobre a questão das propinas no ensino. O ensino superior, se bem percebi, mas não - se bem percebi, também - exclusivamente. Dizia o sr. secretário de estado, supõe-se que sem um esgar de embaraço, que as propinas, não aumentando, verdadeiramente desciam. Coisas da inflação, deduz-se. E também por aí, na demagogia e na hipocrisia, o estado ganha. Que diabo, não haveria de ser apenas no plano fiscal.
Anuncia ainda o sr. secretário de estado uma breve e substancial melhoria na questão do alojamento dos estudantes. Graças, nem mais nem menos, ao tal PRR. Ou seja, a uma coisa que surge na sequência, a aceitar obedientemente a versão do poder de (longo) turno, de um grande mal, uma tremenda pandemia, uma tragédia que ficará na história. De modo que o tal do PRR, ao que parece, mais do que servir para a recuperação dos concretos danos causados por essa pandemia, servirá - assim o esperamos, em incorrigível ingenuidade (tirando isso, como explicar, sem insulto, a recorrente escolha do Soberano - o eleitor -, por cá?) - para acudir a obrigações públicas, desde logo perante a insaciável voracidade fiscal dominante, que deveriam ser cumpridas como mera rotina de uma medianamente diligente acção governativa. Sem necessidade de uma pandemia apresentada como, quase, do fim do mundo e de um (mais um) generoso banho de dinheiros "da Europa". Que, naturalmente, se esgotará.
Percebe-se também por aqui a pressa, há ainda não muito tempo, de ir com o cheque ao banco.