Por favor
"De momento, todos os nossos agentes encontram-se ocupados. Por favor aguarde. O tempo de espera pode ser superior a trinta minutos".
"Por favor", escuta-se na gravação, enquanto em fundo uma música - chame-se-lhe bondosamente assim -, medonha, arruína os nervos do mais estóico.
Vá lá, "por favor"; ao menos isso.
Ao menos isso, porque os prazos correm, imperturbavelmente, e o não atendimento tempestivo do cidadão, por parte da inimputável administração pública, não confere ao cidadão qualquer garantia.
Mas ou a administração pública funciona mal, muito mal, impunemente muito mal; ou a burocracia instalada - decerto em boa parte para justificar essa administração pública - é kafkianamente absurda, levando à saturação dos canais de contacto entre essa administração pública e o cidadão (perdão: o "contribuinte", "utente" ou "sujeito passivo", "cidadão" é que não se vê como), mesmo para tratar de questão menor; ou tudo isso é verdade.
Será isso: tudo isso é verdade. E o Soberano gosta que seja assim.